Tantos são os problemas e percalços da vida, que começamos a nos questionar onde foi que erramos. No meu caso, eu nem preciso chegar nesse ponto. Pois já sei que o problema é sempre comigo. E não falo por auto piedade. Falo por observação. Coisas erradas não acontecem com quem faz tudo certo. Baseado nisso, para fazer a analogia mais real possível, fui pesquisar qual seria o material mais duro de todos. Porque estava ouvindo Legião Urbana, Metal contra as nuvens e vi que é o que sou. Um metal bem duro que quer se meter com nuvens. Na minha pesquisa, descobri que o material mais duro de todos é o dente de molusco. Mas como a analogia é com metal, esse não serve.
O metal mais duro de todos é carboneto de tungstênio. O diamante é mais duro que ele, mas não é metal. O que lhe faz ser tão duro é a sua granulação. Resumidamente, ele é feito de pequenos grãos que foram tão prensados ao ponto de ter resistência para literalmente cortar todos os outros metais. Na prática, é quase impossível quebrar, trincar, separar, cortar ou qualquer outra coisa com esse tipo de metal.
Assim sou eu. Como o metal mais duro. Endurecido pelo acumulo de tantas coisas deixadas pra trás ao longo do tempo. Pedaços pequenos de histórias grandes, deixadas pra trás, pra dentro de mim. Que ficaram um sobre o outro, sobre o outro. Impossibilitando de serem limpos. Endurecendo com o tempo e com novos grãos. Agora inquebrável, quase indestrutível. Apenas a ação do tempo pode tirar sua dureza. Aqui falamos de milhares de anos.
O problema é que esse metal aqui sonha com nuvens, ele quer viver entre nuvens. Não como elas, não quer se parecer nuvem. Que estar com elas, só é feliz lá no alto, em dias de chuva. Mas ele é duro demais pra qualquer nuvem. Elas não são capazes de lidar com a natureza impenetrável desse metal. E ele jamais conseguiria ser plástico ou madeira, metal é o que ele se tornou. Um tipo de metal que não volta mais a ser pedra na natureza. Um metal duro, contra as nuvens.